por Jair Eloi de Souza*
Um
certo João Batista foi o seu precursor. O anunciava como o Messias, o salvador,
aquele que teria boas novas para aqueles povos que viviam espezinhados e na
miséria coletiva absoluta. Não tinham identidade política, mas, havia uma uniformidade de hábitos, pois, atendiam mesmo
na individualidade de clãs, a um membro
tido como patriarca ou condutor. O império romano soberano, dividido em
satrapias, pois, tinha sua dimensão transcontinental, e não respeitava os
valores daqueles povos d`além fronteiras. Isso gerava um inconformismo naquelas
gentes. João Batista, um andarilho, um caminhante beduíno que se alimentava de
frutos e mel silvestre, não tinha residência fixa, seu dissipar do tempo era
com a pregação sobre um reformador, um predestinado para guiar aquelas gentes.
Não terminou sua obra, fora trucidado, após truculenta perseguição, as regras eram
taliônicas, pois, aquela pregação atentava contra a integridade do Império
Romano. Portanto, todo aquele que incorresse em delito dessa natureza, não só
seria morto, mas supliciado publicamente.
Mas,
eis que numa certa noite, um sinal luminoso, visto por três pastores que faziam
uma travessia, dava conta de que algo diferente estava acontecendo numa
estribaria. O cenário era de extrema miséria. Viventes convivendo com animais,
não havia divisão, era um teto comum, aliás isso é um cênico natural, pois,
aqueles veneravam e protegiam seus pequenos animais domesticados. Faziam parte
da família, pois, os cuidados eram de profunda convicção, pois já naqueles
tempos havia ladrões sorrateiros. Um menino nascera, nada de anormal. Mas, a
estrela que guiara aqueles pastores, dera dimensão ao fato, e os ouvidos dos
sátrapas; governantes de províncias romanas, tinham que fazer a leitura de todo
e qualquer acontecimento ou ocorrência, para não perder a simpatia de Roma.
A
luminosidade, inteligência daquele menino, segundo a interpretação dos Doutores
da Lei,, fizera nascer uma lei, que decretava a morte de todo primogênito. Aí, é
que começa o calvário de Maria e José, os pais da criança que viera a ser
nominada de Jesus. Por longo período navegaram Maria, José e seu filho, por
dezenas de aldeias na Galiléia, na Judéia e adjacências, para evitar que os
centuriões de Herodes, ceifassem a vida daquele menino, a exemplo do que tinham
feito com outras crianças inocentes sob o protesto dos pais. Jesus, um ser de inteligência
rara, e já sabedor do seu papel de guia, de condutor daquelas gentes,
deflagrara sua peregrinação de pregações. Aproveitando de sutil descuido dos
seus pais, que faziam parte de caravana, atrasa-se de forma convicta, e já aos
doze anos, provoca grande discussão no templo, onde só falavam os sábios, os
pregadores de uma liturgia diferente da sua.
O
espaço de tempo entre esse fato e o embate de Jesus já homem, com os potentados
provinciais e representantes de Roma, temos poucas informações. Sabe-se que
despertara homens sábios para sua doutrina. Paulo, um deles. Saíra da Ásia
menor, e fora visitar a polis grega, Atenas. Sociedade politeísta, onde Zeus
comandava uma confraria de divindades, albergadas na mitologia greco-romana. A
coragem de Paulo é sublime, pregando no areópago, tribunal dos homens da lei,
Juizes, pergunta e responde: O túmulo destinado ao Deus desconhecido, que os
senhores veneram, nada mais é do que o meu Deus. Calara o sinédrio grego, pôs,
em dúvida a credibilidade daqueles sábios perante os seus deuses.
Jesus
promoveu a maior revolução jurídica de todos os tempos. Inseriu o perdão numa
região onde havia a vigência de leis regidas: O famoso e histórico Código de
Hamurabi, Lei de Talião, em que a interpretação era “dente por dente” ou olho por olho”. Roma patrocinava uma das maiores
atrocidades com os povos conquistados, a maioria dos seus potentados cortavam
as duas mãos dos guerreiros varões. César, só cortava uma mão, por isso era
chamado de bondoso. E ressaltemos ainda, que escolhera a hora mais difícil
e de grande simbologia: poupou a vida da mulher que não tinha vida fácil.
Olhara para a multidão e indagara: Quem de vós não tem pecado? Todos baixaram a
cabeça, de solaio olhavam um para o outro. Alí nasceu a leitura de que não
havia legitimidade da multidão para tirar a vida daquela mulher, o pecado não
era uma mácula somente daquela, todos eram pecadores.
Jesus
na sua sapiência estabelecera a divisão entre o material, o mundano, e as
coisas da alma, do espírito. Ao ser indagado sobre a cobrança dos impostos.
Respondeu que desse a César o que era de César, e a Deus o que era de Deus. Ou
seja, para Jesus, mais valia tinha a alma, o homem virtuoso, do que as coisas
materiais. Ele ofertou a lição de que estava num plano superior aos que viviam
da espoliação dos povos conquistados. E fez isso de forma prática, quando
expulsou os vendilhões do templo sagrado. Este não era lugar para a transação
comercial, a especulação, a usura, era lugar para orar a Deus.
A
força espiritual de Jesus, fazia renascer nas pessoas a esperança de viver, a
crença de que as coisas divinas, se sobreponham ao mundo material. Lázaro foi o
exemplo, moribundo levanta-se para dar continuidade a vida. Dimas “o bom ladrão”, arrepende-se e pede
clemência a Jesus, enquanto o seu colega desafia Jesus, não se redimiu dos seus
pecados.
Quarta-feira,
março/2013, vamos homenagear o exemplo da cruz.
É professor
de Direito e Secretário Municipal do Meio Ambiente/J.de Piranhas/RN
jeloisouza@ig.com.br