por Jair Eloi de Souza.*
Porém, Riaj, tinha um outro sonho exótico e de queixumes. Talvez o mais ambicionado; era encontrar os campos abertos, onde pudesse colher araçás nativos. Naquela idade, nunca provara o sabor de uma goiaba. Os pomares que tinha visto até então, eram em quadros pintados em casa dos abastados do tempo. Só por isso o fascínio pelo araçá da caatinga, a goiaba nativa? Não!... Algo mais encorpava aquela história. Pois, fora numa manhã como outras manhãs de inverno, que vira uma certa cabrocha de cabelos mechados, olhos em negritude de quixaba madura, vendendo araçás em cesto de cipó trançado na Vila do Perfume. Riaj, não comprara os araçás, era menino, não usava bolso quanto mais pecúnias em troco. Assistira apenas a cena dos que compravam os araçás arredondados. Porém, não esquecera os olhos amendoados daquela cabrocha que nunca mais vira. Eis, a razão e o encanto, de continuar na puberdade dos tempos, sonhando a colher os araçás como se ainda fosse o infante das eras que se foram no dissipar do tempo.
A Lua Nova faz lacrimejar os nimbos, molhando a cinza carnavalesca, iniciando a liturgia da quaresma no meu Seridó/2012.
* É Professor e Dirigente do Curso de Direito da UFRN.
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