domingo, 22 de abril de 2012

POESIA: O meu tempo de criança

por Gilberto Costa 


Inventei poesias nas areias
Do Seridó! Com pedaços de cipós,
Escrevi versos nos lençóis
Tecidos na fiação de suas cheias.
Eram versos inocentes!
Versos que em estágio tenro
Não resistiam ao sopro do vento!
Versos que em diáspora se desfaziam
De seu intento de harmonia!

Inventei poesias nos barreiros!
Versos sufocados pelos cascos
Do gado! Versos ciscados
Pelos pássaros na lousa D'água!
Versos pintados pelos pingos
Das chuvas! Versos desenhados
Pelos mimos, nas revoadas
Das garças! Versos sinuosos,
Escritos no dorso das Jararacas!
Versos do hálito das Ticacas!

Inventei poesias no leito do Rio!
Rimas encolhidas de frio!
Rimas nas revensas das cacimbas!
Rimas nas locas das pedras
- As pedras redonda e piscina -
Rimas no remanso! No estreito!
Rimas nas canetas de gravetos
Das plantas  do meu respeito!

Canetas de faveleiras!
Canetas de mameleiro!
Canetas no celeiro da Ilha
No Serrote da Cruz de Sebastião!

Inventei poesias no maior Galão
Dos dois braços do Seridó!
Estrofes nos capuchos do Mocó!
Estrofes no despertar do Carijó!
Estrofes nos fardos de Carnes-de-sol!
Estrofes das minhas remembraças!
Estrofes do meu tempo de criança!

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