O técnico de informática Armando Oliveira nem imaginava que a habilidade descoberta quando transformou um mouse em brinquedo para o filho de oito anos iria se transformar em negócio lucrativo para a família. “Coloquei um vibrador de videogame dentro do mouse e os 'dentes' de uma escova embaixo funcionando com uma pilha de nove volts e dei para meu filho brincar no colégio”, explica. Anos depois, já no comando de uma loja de consertos para computadores em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza, o técnico decidiu usar as peças eletrônicas que sobravam na oficina para construir outras esculturas “tec”, como um surfista feito com uma máquina fotográfica e uma webcam na cabeça sobre uma base de ferro elétrico.
Armando usa câmeras antigas, mouses, HDs e outros componentes para criar esculturas (Foto: Kelly Freitas/Agência Diário) |
As criações deixaram de ser hobby quando chamaram a atenção da irmã dele, que mora em São Paulo. “Mandei uma 'ave tec' de presente e os amigos delas de São Paulo gostaram e fizeram encomendas”, relata. Desde então, falta material na oficina de Armando para atender à demanda. O técnico passou a procurar em sucatas HDs antigos, placas mães defeituosas, máquinas fotográficas, webcam e usar solda, cola quente, ferros e lixos eletrônicos para construir aranhas, tartarugas, índios, réplicas de veículos e personagens literários como o Dom Quixote, divulgados atualmente em um blog e comercializados na página dele no Mercado Livre.
Segundo Armando, não existe segredo para idealizar as esculturas tec: as criações são de acordo com a forma das peças e, claro, com a imaginação. No começo, a maioria dos pedidos eram de pássaros e outros animais com formatos possíveis de serem feitos com as peças, mas os clientes ficaram mais exigentes e, hoje, fazem até exigências. “Uma das esculturas que deu mais trabalho foi um tanque de guerra que a pessoa fez questão de ter a base de uma máquina fotográfica antiga, que foi bem difícil de encontrar”, conta o técnico.
As encomendas mais trabalhosas como o tanque de guerra podem custar até R$ 1.000,00 e tem garantido um retorno financeiro satisfatório para Armando, que também exerce a função de técnico de informática na prefeitura de Fortaleza, além de seguir mantendo a oficina. “Uso o dinheiro das encomendas para complementar a renda da família e também para comprar mais sucata e produzir outras esculturas”, afirma. O investimento na própria habilidade também trouxe um reconhecimento social a ele pela prática de reciclagem, além de convites: “Fui convidado para fazer uma exposição das esculturas e já começamos a agilizar isso, que deve ocorrer logo mais, em junho”. G1
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