Paróquia Nossa Senhora do Ó

A DEVOÇÃÕ A NOSSA SENHORA DO Ó
A devoção nasceu em Toledo/Espanha ao tempo do bispo Santo Ildefonso que dedicou 18 de dezembro o dia da homenagem à Santa. Em Portugal, o santuário está em Torres Novas (Frei Henrique de Santa Maria – no Santuário Mariano, uma antiga imagem de Nossa Senhora era venerada na Capela-Mor da Igreja Matriz de Santa Maria do Castelo na época de Dom Afonso Henrique (1187). A partir de 1212 foi edificada a igreja para invocação de Nossa Senhora do Ó). De lá irradiou-se para o Brasil.

A PRIMEIRA IMAGEM DE N. S. DO Ó EM SERRA NEGRA
Sobre a imagem de Nossa Senhora do Ó, que existiu na Matriz de Serra Negra e que foi roubada em 22 de julho de 1974, teria sido uma doação feita pelo Tte. Cel. Francisco Antônio de Medeiros (Chico Antônio da Fazenda Umari na ribeira do rio Quipauá-Seridó) em sinal de regozijo pelo fato do seu filho Padre Sebastião Constantino de Medeiros, haver sido designado vigário da freguesia de Nossa Senhora do Ó, de Serra Negra.
A imagem em questão foi adquirida em Portugal e custou na época 200$000 (duzentos mil réis.

O professor serranegrense Vergniaud Monteiro pesquisou e escreveu sobre a Matriz de Serra Negra: “A primeira Capela fora fundada em 24 de agosto de 1735, por Manoel Pereira Monteiro e filhos. (...). Em 1774 eles mandaram demolir a Capela e erigi-la em outro lugar, com bases mais sólidas. Manoel Pereira Monteiro informava aos Revmos Cônegos que queria erigir uma Capela para invocação a Nossa Senhora do Ó, mudando-a para o lugar decente. Com os filhos mandaram vir de Portugal os artistas João Isidoro que foi quem traçou o plano da igreja, vindo também Tomás de Aquino que foi o mestre das pinturas e dos desenhos. E assim puderam edificar nova Capela que passou depois a ser a Matriz, esta que vemos hoje. O presidente da província Dr. Antônio Mardelino Nunes Gonçalves sancionou a Lei 106 de 1º de dezembro de 1858, criando a Freguesia de Nossa Senhora do Ó de Serra Negra. A vigésima quinta do Rio Grande do Norte.”
Como já foi dito anteriormente, a primeira capela de Serra Negra teve início a 24 de agosto de 1735 e demolida no ano de 1774 para ser substituída por “uma Capela para invocação a Nossa Senhora do Ó, mudando-a para o lugar decente”. A conclusão dessa nova igreja deu-se em 1781, mas só foi elevada a Paróquia em 1858, 77 anos depois.

OS PRIMEIROS PADRES
Manoel Pereira Monteiro tinha dois filhos padres: Fernando e João Pereira Monteiro Sarmento. Foram eles os primeiros sacerdotes que a Capela de Serra Negra teve. Esses dois personagens tiveram destinos diferentes: Fernando pediu dispensa da Igreja e casou em Pombal criando a família Fernandes daquela localidade e João, depois de uma esquizofrenia prolongada, criando muitos problemas para família, faleceu em Serra Negra.
A relação dos párocos encontrada inicia com a criação da paróquia. Sobre os padres que atuaram antes, na primeira capela, não foi encontrado nenhum registro. Com certeza os primeiros foram aqueles dois filhos de Manoel Pereira Monteiro (padre João Pereira Monteiro Sarmento e o irmão Padre Fernando Pereira Monteiro), ordenados em Olinda e com segurança pode-se afirmar que foram eles quem orientaram para a nova igreja ser edificada para a invocação de Nossa Senhora do Ó.

Altar da igreja de N. Senhora do Ó
A seguir os nomes dos padres, em número de 49, que ocuparam essa freguesia, desde quando ela foi elevada a categoria de Paróquia (1858), até o ano de 1999: Pe. Manoel José Ferreira (1859-1860); Pe. Manoel Salviano de Medeiros (1860-1871); Pe. Sebastião Constantino de Medeiros (1871-1872); Pe. Jovino Costa Machado (1873); Pe. Aurélio Marques da Silva Guimarães (1874-1875); Pe. Manoel Salviano de Medeiros (1875-1876); Pe. João Rodrigues da Costa (1876-1877); Pe. Manoel Salviano de Medeiros (1877-1902); Pe. Emídio Cardoso (1902-1905); Pe. Manoel Marcelino de Brito (1905-1909); Pe. Emídio Cardoso (1909-1910); Pe. João Batista de Albuquerque (1910); Pe. João Alfredo da Cruz (1910); Pe. Belisário Dantas (1910); Pe. João Neves de Sá (1910-1912); Pe. Antônio Brilhante de Alencar (1912); Pe. José Neves de Sá (1912-1914); Pe. Misael de Carvalho (1914-1915); Pe. José Neves de Sá (1915-1917); Con. Celso Cicco (1917-1920); Pe. Natanael Ergias de Medeiros (1921-1922); Con. Celso Cicco (1923-1924); Pe. Carlos Theisen M.S.F (1926-1927); Pe. Domingos Kunrren M.S.F. (1926-1927); Pe. Geraldo Van Der Geid (1926-1927); Belisário Dantas (1927-1928); Con. Celso Cicco (1928); Pe. Natanael Ergias de Medeiros (1928-1930); Pe. Bianor Emílio Aranha (1931); Pe. Luiz Teixeira de Araújo (1932-1935); Pe. Luiz Monte (1935-1936); Pe. Walfredo Dantas Gurgel (1936-1940); Pe. Esmerino Gomes da Silva (1940-1941); Pe. Mário Eugênio Damasceno (1941-1943); Frei Odorico O.F.M (1944); Frei Rufino Ublannander O.F.M. (1944); Pe. Manoel da Costa (1944-1945); Pe. Aderbal Vilar (1945-1947); Pe. Sinval Laurentino de Medeiros (1947-1951); Pe. Daniel Touw C.M. (1951-1954); Pe. Deoclides de Brito Diniz (1954-1957); Pe. Ernesto da Silva Espíndola (1957); Pe. Antônio Balbino de Araújo (1958-1960); Pe. Antenor Salvino de Araújo (1960-1967); Con. João Agripino Dantas (1967-1996); Pe. Waldir Waldik de Araújo Dantas (1996-1998); Pe. Everaldo Araújo de Lucena (1998-1999); Pe. José Erivan Primo (1999).

A FREGUESIA DE NOSSA SENHORA DO Ó
A Freguesia de Nossa Senhora do Ó de Serra Negra surgiu em decorrência de mais uma divisão da Freguesia da Gloriosa Senhora de Sant'Anna, tendo como origem a capela sob sua invocação construída na Fazenda Serra Negra em 1781. Desde 1728, Manuel Pereira Monteiro, proprietário dessa fazenda, já habitava essas terras; atribuindo-se ao mesmo a fundação da povoação (origem da atual cidade de Serra Negra do Norte). O topônimo do lugar relaciona-se à “impressão da primitiva vegetação, vista à distância escurecendo, pela espessura, o contorno serrano”.
Os limites da Freguesia de Nossa Senhora do Ó foram assim estabelecidos: “Artigo 2º. (...) pelo nascente o Rio Sabugi, desde a barra do riacho Quixeré e dahia para cima até o fim da Freguesia do Seridó com todas as suas águas; ao Norte até a barra do Rio Piranhas com suas águas, inclusive as fazendas Saúde e Volta situadas no riacho da Cachoeira; Ao Poente e Sul a contestar com as fazendas do Pombal e Santa Luzia da Província da Parahiba..” (texto extraído do livro SERIDÓ NORTE-RIO-GRANDENSE de Ione Rodrigues Diniz Morais – Caicó/RN – Ed. do autor – 2005.)

O PATRIMÔNIO DA SANTA
O pioneiro Manoel Pereira Monteiro e sua esposa Tereza Tavares de Jesus, fizeram uma doação de meia légua de terra, começando no “Olho d'agua do Boquirão”, riacho do Bangüê, buscando para o poente, até se inteirar a dita meia légua de terra, para o patrimônio de Nossa Senhora do Ó. E doou mais um touro e seis vacas. O despacho teve a data de 15 de novembro de 1735 e fora dado por Dom José Fialho, bispo de Pernambuco, mandando que o cura de Piancó benzesse a capela, estando esta acabada e paramentada na forma das instituições. O tabelião que lavrou a escritura foi o sr. Felix Gomes Franco.
Aos 19 de janeiro de 1764, na fazenda Serra Negra, ribeira do Espinharas, termo da Nova Vila de Pombal, o Capitão-Mor Francisco Pereira Monteiro (filho do pioneiro Manoel Pereira Monteiro), morador da fazenda Arapuá, autorizava o tabelião Antônio Gonçalves de Melo a lavrar uma escritura de doação de terra, feita em favor de Nossa Senhora do Ó, a começar do Riacho Fundo, onde hoje mora Bernardinho Pereira de Brito, pelo rio acima até o Poço do Trapiá, tudo para lado do poente, ficando o doador, enquanto vida tivesse, como administrador das terras que doasse.
O Dr. Antônio Pereira de Castro, na sentença que julgou o Patrimônio, dada em Olinda a 4 de novembro de 1764, só considerou bastante, porque o doador ia entregar mais cento e vinte mil réis, e, anualmente, daria seis mil rés para ornato da capela.