O que você faz quando recebe um convite de missa de
falecimento? Guarda por consideração ou joga fora? Em Macau, cidade a 176
quilômetros de Natal, um morador preserva a memória dos mortos arquivando este
tipo de material. Seu nome é Raimundo Gomes, um colecionador de finados.
Ele é funcionário público, casado, pai de família.
Quando não está trabalhando, Raimundo está atrás de recortes ou fotos de quem
já morreu. A mania começou em 1998. “A primeira foi a foto de minha mãe que eu
coloquei numa pasta. Daí pra cá eu tomei gosto”, explica o colecionador. Hoje,
o arquivo contém mais de mil imagens guardadas.
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O mais curioso é que Raimundo sabe a causa da morte
de praticamente todos os falecidos que pertencem ao seu arquivo. Para organizar
o material, ele dividiu as pastas por ordem. Numa parte, só entram familiares.
Noutra, ele separa artistas, políticos e, acreditem, terroristas. Tem também
uma parte exclusiva para policiais mortos.
Apesar de ser uma coleção que remete à tristeza,
Raimundo diz que se sente bem olhando as fotos dos que já se foram: “Peço a
Deus que me deixe continuar por muitos anos este trabalho que eu estou
fazendo”.
A coleção de Raimundo virou uma espécie de
obituário. Hoje, para saber quem morreu na cidade ou região, basta ir à casa do
colecionador para fazer a consulta. E, mesmo que as famílias não mandem fazer
os convites para as missas de sétimo ou trinta dias, Raimundo sempre dá um
jeito de conseguir as fotos e fazer os registros. Esta foi a forma 'criativa'
que ele encontrou para deixar bem vivo o arquivo dos mortos.
“Quem tiver sua lembrancinha de sétimo dia... pode
ser daqui, de Natal, de qualquer cidade... pode mandar pra minha casa, que aqui
fica bem guardado, bem cuidado. Não é de brincadeira o que eu faço. É uma coisa
séria. Eu fico muito feliz e satisfeito se mandarem”, pede o colecionador
Raimundo Gomes.
Fonte: G1 Rio Grande do
Norte
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