segunda-feira, 8 de agosto de 2011

O pioneirismo de Juvenal Lamartine


Djalma Marinho em discurso pronunciado na Câmara dos Deputados, no ano de 1974, citando Chersterton, observava, também, que o "futuro é o nosso refúgio ante a feroz competição dos nossos antepassados". O que desejava o nosso saudoso parlamentar provar, com a referida citação não era o confronto entre os homens públicos do seu Estado, do presente e do passado, nem a rivalidade entre os mortos e os vivos, mas extrair das lições dos que se foram, os feitos, a motivação, que redundara em desprendimento e patriotismo na defesa do interesse público do Rio Grande do Norte e do Brasil.

O pronunciamento de Djalma Marinho focava o centenário de nascimento de Juvenal Lamartine de Faria, nascido em 09 de agosto de 1874 e falecido em 18 de abril de 1956, aos 82 anos de idade, evocando um nordestino que dera uma contribuição grandiosa de se "construir o destino político brasileiro".

Em um dos meus artigos anteriores, neste espaço, lembrei o nome de Juvenal Lamartine de Faria para o futuro Aeroporto Internacional de São Gonçalo do Amarante, como homenagem ao homem público que fora o pioneiro da aviação civil em nossa terra, ao fundar o Aero Clube, no ano de 1927 e o Rio Grande do Norte passando a ocupar uma posição de liderança com inúmeros pilotos brevetados na época e 28 campos de pouso no interior do Estado.

No seu livro, "Meu governo", às páginas 81/82, Lamartine prevendo o futuro, proclamou: "Mais cedo do que julgara, o nosso céu começou a ser devassado pelas asas dos grandes pássaros metálicos vindos da Europa e da América, trazendo em seu bojo o anúncio de uma nova era, em que o Brasil está destinado a desempenhar a função precípua, no cenáculo das nações cultas.

Plantada à orla do Atlântico, no extremo oriental do continente, Natal está fadada a ser o núcleo vital da aviação americana, levando de um a outro oceano, de uma a outra América, a palavra de solidariedade humana, mensagem da cordialidade internacional.

Aparelhei-a para que pudesse aproveitar-se desse incomparável elemento de civilização, emergindo do coração da nossa terra como a primeira expressão do progresso da América brasileira aos países de além-mar e os primeiros pontos de contatos entre civilizações que se fundem, sob a proteção da luminosidade tropical, sabe Deus, para que destinos incomparáveis"!

Lamartine foi um homem avançado para o seu tempo e um estadista. Djalma Marinho, no discurso acima referido, destacou essa condição do saudoso homem público, ao lembrar que por sei intermédio, o Rio Grande do Norte foi o primeiro Estado de raça latina onde as mulheres tiveram seus direitos políticos reconhecidos e exercitados livremente.

Juvenal Lamartine, quando defendeu seu projeto pioneiro da aviação civil em nossa terra, justificou que estava pensando no Brasil, "cujo anseio de progresso e tão acelerado com a vibração das aeronaves modernas, varejando o céu americano, a procura de novos campos de pouso, onde o espírito moderno, na inquietação que o, caracteriza encontre, finalmente, o meio ideal à harmonia entre as raças e a solidariedade entre os povos".

Nada mais justo do que homenageá-lo, agora, nos primeiros passos para a construção do Aeroporto Internacional de São Gonçalo do Amarante, batizando-o com o seu nome, no reconhecimento do seu tirocínio de homem público e estadista, da sua genial visão do nosso futuro histórico. 

Ticiano Duarte - jornalista 

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