por Jair
Elói de Souza
Havia algumas primaveras que não me fazia presente na Fazenda
“Três Riachos”, feudo deixado pelo velho Manoel Ambrósio para os seus
descendentes. Em tempos não tão distantes, as pescarias matinais eram um
atrativo, em especial as tigelas de prenhas curimatãs preparadas nos temperos
de cheiro verde e nata fresca, nos limites da mansidão e companheirismo de
Chico do Foto, um dileto e especial amigo de um poeta de fino trato, Luiz Eloi
de Souza, meu inesquecível pai, aos quais im
memoriam, também dedico este
pequeno fluido do meu dedilhar literário.
Nessas
estações do tempo que se foram, encontrava lá os sucessores da saga sertaneja
dos Queiroz; Pedro Ambrósio, Cesino Ambrósio, Padre Ambrósio, Mundinho Lopes,
Antônio Cunha, era o cênico de uma Três Riachos partilhada, entre herdeiros e
cessionários, mas sempre bem recebido, pois, fica a um passo de ema da Fazenda
Braz, pertencente aos herdeiros de Quinca Salvino e Dé Salvino, clã ao qual
pertence minha esposa Goretti, que sempre tiveram o melhor convívio com os
Ambrósios.
Mas, na
tarde de sábado-14 do corrente, me fiz presente no citado feudo, em companhia
de Elias Mariano, visitei Elídio e Cristina, e também aos seus, uma festa de
alegria, recepção prazerosa. É bem verdade que a gamela de melaço no velho
engenho puxado a boi, não pude raspar, escutando os paleios e estórias do
saudoso Artur Ambrósio, que tanto fazia alegria dos seus convivas. Mas, pude
ver que pequeno canavial ainda se cultiva naquele chão de revência, quem sabe?
Futuramente, Elídio, com seu tino de resgatar a memória de sua brava saga,
possa voltar a instalar o velho engenho em moenda, a história lhe prestará a
mais justa homenagem, assim, como já está compromissada, pelo que fizera, ao
construir o templo em memória de um de seus filhos mais brilhantes, com certeza
o de obra mais expressiva no campo da solidariedade humana, Padre João Maria.
Ademais,
não devo deixar de registrar que foi uma tarde e hora vesperal das mais
gratificantes que pude vivenciar. O encontro com Emerson Cavalcanti, conversa
solta, leve, afável. Pude receber os melhores meneios e admiração de um jovem
jardinense, de nome Edilson, filho do Jeso Patrício Ferreira, de saudosa
memória. Rebento que opera nas lides forenses, uma mente privilegiada,
inteligência rara, um espírito que vive na planície da jocosidade, sem ser
mordaz, ofensiva, uma alma de bem consigo mesma e admirado pelos pares que
vivem a puberdade dos tempos. Também pude ouvir o solfejo de lamento, de toada
em melancolia, do aboio reboado de João, filho de Manoel de Pedão, que não
deixou de frisar seu apreço pelo conterrâneo Elídio. Coisas dessa natureza me
fazem amar ainda mais, minha província nesse bom recanto dos confins do Velho
Seridó.
Nesse
cenário da melhor estação da oralidade, vieram à tona as presepadas de Juvenal
Barão, um velho aldeão do barranco ribeirinho onde se contempla o imperceptível
abraço dos velhos Espinharas-Piranhas. Na verdade, em alpendres e adjacências
da duo-centenária Três Riachos, havia uma confraria de gerações díspares,
porém, todos sintonizados com a expectativa de poderem de forma efetiva,
manifestarem seu posicionamento cidadão no próximo pleito, que definirá os
destinos políticos de Jardim de Piranhas.
Em mês
de Sant'Ana, a lua é minguante/2012.
* É Professor de Direito e Escriba da cena sertaneja.
* É Professor de Direito e Escriba da cena sertaneja.
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