segunda-feira, 7 de maio de 2012

Poesia: CAATINGA

Não sou conhecida por Maria

Nem também me chamo José.
Fui crescida no chão da alegria
E cultivada no estrume da fé!
Já concebi vários filhos
Sem nenhum chamar-se Jesus!
Sou agasalho! Sou ar! Luz!
Sou energia, mas, vivo a sofrer
Sem ninguém a me perceber.
Sinto dor... Tenho minha cor...
Não sou racista.  Sou bonita,
Perdão, bela! E esquento sua panela!
Não sou Iracema! Sou Jurema!
Sou Pereiro! Marmeleiro! Cardeiro!
 Catingueira! Pau D’arco! Juazeiro!
Sou tudo de bom para você.
Sou cama! Sou mesa! Chama!
Sou seu assento. Sou seu buquê!
Mas, não consigo saber por quê
Você me maltrata e me mata!
Quando você se divorcia
Logo encontra outra mania!
Mas toda vez que me arranca
Esvazia toda minha família.
Eu sou Caatinga e você homem!
Sua evolução é minha crucificação.
É o Sertão nu...  É a devastação...
A fragilidade da sua educação.



Gilberto Costa 

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